A exemplo do regulador série, o transistor atua como elemento de controle e o zener como elemento de referência. Como a carga fica em paralelo com o transistor, daí a denominação regulador paralelo, cujo circuito é mostrado na figura ao lado.
A análise do seu funcionamento segue basicamente os mesmos princípios do regulador série, no que diz respeito aos parâmetros do transistor e do diodo zener.
Funcionamento
- VZ = VCB; como VZ é constante, VCB será constante.
- VCE = VCB + VBE; mas VCB >> VBE; logo: VCE = VCB, onde VCE = VZ
Ao variar a tensão de entrada dentro de certos limites, como VZ é fixa, variará VBE variando a corrente IB e consequentemente IC. Em outras palavras, variando-se a tensão de entrada ocorrerá uma atuação na corrente de base a qual controla a corrente de coletor. Neste caso, VCE tende a permanecer constante desde que IZ não assuma valores menores que IZ (Min) e maiores que IZ (Max). Os parâmetros para o projeto de em regulador paralelo são essencialmente: VIN, VL e IL (Max).
Tensão de entrada máxima: Na pior condição: RL => infinito (sem carga) . IL = 0;
- VIN (Max) = R1 x ( IL (Max) + IC (Max)) + VZ + VBE.
- Então: (VIN (Max) - VZ - VBE) / R1 = IZ (Max) + IC (Max) ( I ).
Tensão de entrada mínima:
- VIN (Min) = R1 x (IZ (Min) + IC (Mim) + IL (Max)) + VZ + VBE.
- Então: (VIN (Min) - VZ - VBE) / R1 = IZ (Min) + IC (Min) + IL (Max) ( II ).
Dividindo ( I ) e ( II ), temos:
- (IZ(Max) + IC(Max)) / (IZ(Min) + IC(Min) + IL(MAX)) = (VIN(Max) - VZ - VBE) / (VIN (Min) - VZ - VBE).
- Isolando IZ (Max): IZ (Max) = ( VIN (Max) - VZ - VBE / VIN (Min) - VZ - VBE) x ( IZ (Min) + IC (Min) + IL (Max) + IC (Max) ( III ).
OBS: IC (Min) é a corrente de coletor para uma tensão de entrada mínima. Em muitos projetos a mesma pode ser desprezada por não ter influência significativa no resultado final.
Calculando agora a corrente em R2:
- I (R2) = IZ (Mim) - IB (Mim), Onde: IB (Min) = IC (Mim) / hfe.
- Portanto: IR2 = IZ (Min) - ( IC(MIN) / hfe) ( IV )
Quando a tensão de entrada for máxima e a carga estiver aberta (pior condição), um acréscimo de corrente circulará pelo diodo zener. Como VBE é praticamente constante, essa corrente circulará pela base do transistor, daí então teremos:
- IC (Max) = hfe x IB (Max);
- IB (Max) = IZ (Max) - IR2;
- Então: IC(MAX) = hfe x (IZ (Max) - IR2) ( V )
Substituindo ( V ) em ( III ), temos:
- IZ (Max) = [( (VIN (Max) - VZ - VBE) / ( VIN (Min) - VZ - VBE )) x ( IZ (Min) + IC (Min) + IL (Max) - hfe x (IZ (Max) - IR2] x (1 / hfe+1 )
Para escolha do transistor, deverão ser observados os parâmetros:
- VCEO > (VZ + VBE);
- IC (Max) > IL (Max);
- PC (Max) > (VZ + VBE) . IC (Max)
Para escolha do diodo zener, o parâmetros são idênticos aos adotados no regulador série.
Projetar um regulador paralelo , com as seguintes características:
- VL = 15V;
- IC (Max) = 600mA
- VIN = 22V (±) 10%
O transistor deverá ter as seguintes características:
- VCEO > (VCE + VBE)
- Ic (Max) > IL(Max)
- PC (Max) > (VZ + VBE) . IC(Max)
Adotaremos o transistor 2N3534, que tem as características:
- VCEO = 35V
- IC (Max) = 3A
- PC (Max) = 35W
- hfe: mínimo = 40 e máximo = 120.
O diodo zener escolhido foi o BZXC1C15, que tem as características:
- PZ(MAX) = 1,3W
- VZ = 15V
- IZ(MAX) = 86,67 mA
- IZ(MIN) = 20 mA
Verificando se o diodo zener escolhido pode ser utilizado:
- IZ (Max) = [( ( (VIN (Max) - VZ - VBE) / VIN (Min) - VZ - VBE) x ( IZ (Min) + IC (Min) + IL (Max)) + IC (Max)] x (1 / hfe+1 ).
- IZ (Max) = [ (24,2 - 15 - 0,70) / (19,8 - 15 - 0,7) x ( 0,020 + 0 + 0,600 + 0,800) ] x 1/41
- IZ (Max) = [(8,5 / 4,1) x ( 1,420)] x 0,0244
- IZ (Max) = 2,073 x 1,42 x 0,0244 = 0,071 A
Como IZ(Max) calculado = 71,83mA é menor que IZ do zener, este diodo escolhido é compatível.
Calculando IC(Max):
- IC(Max) = hfe . (IZ(Max) - IR2) IC(Max) = 40 . (71,83mA - 20mA) => 40 . 51,83mA = 2,073A
- IC(Max) = 2,073A (o transistor é compatível quando a IC(MAX))
Calculando PC(Max):
- PC(Max) = (VZ + VBE) . IC(Max) = 15,07 . 2,073 = 31,24W;
- PC(Max) = 31,24W
O transistor escolhido atenderá as necessidades do projeto quanto a dissipação de potência, por estar abaixo da potência máxima especificada pelo fabricante. Torna-se necessário entretanto o uso de um dissipador adequado para evitar sobreaquecimento do transistor.
Calculando R2: como VR2 = R2.IR2 => VR2 = VBE; então;
- R2 = VBE / 20mA => 0,7V/20mA => 35 Ohms;
Potência dissipada por R2:
- PR2 = VR2 x VR2 / R2 => 0,7 x 0,7 / 35 = 0,49/35 => 14mW.
Calculando R1:
- R1 (max) = (VIN(Min) - VZ - VBE)/ (IZ(Min) + IC(Min) + IL(Max) => ( 19,8V - 15V - 0,7V)/20mA+ 600mA => 4,1V/ 620mA = 6,613 Ohms.
OBS: IC(Mim) = 0
- R1 (min) = VIN(Max) - VZ - VBE / IZ(Max) + IC(Max) => 24,2V - 15V - 0,7V / 86,67mA + 2,073A => 8,5V /2,16 => 3,94 Ohms.
Logo: R1 deverá ser maior do que 3,94 Ohms e menor do que 6,61 Ohms: 3,94 < R < 6,61
- R1 adotado = 5,6 Ohms (valor comercial)
Potência dissipada por R1:
- PR1 = VR1 x VR1 / R1 => (VIN(Max) - VZ - VBE) x (VIN(Max) - VZ - VBE) / 5,6 => (24,2V - 15V - 0,7V) x (24,2V - 15V - 0,7V) / 5,6 => 8,5Vx8,5 / 5,6 = 12,9W.
© Direitos de autor. 2020: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 02/03/2021
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